Working languages:
Spanish to Portuguese
English to Portuguese
Catalan to Portuguese

Miguel Cabelo
Technical translations-Chemistry

Local time: 13:25 CEST (GMT+2)

Native in: Portuguese Native in Portuguese
  • Send message through ProZ.com
Feedback from
clients and colleagues

on Willingness to Work Again info
1 positive review
  Display standardized information
User message
Bilingual Portuguese-Spanish
Account type Freelance translator and/or interpreter, Identity Verified Verified site user
Data security Created by Evelio Clavel-Rosales This person has a SecurePRO™ card. Because this person is not a ProZ.com Plus subscriber, to view his or her SecurePRO™ card you must be a ProZ.com Business member or Plus subscriber.
Affiliations This person is not affiliated with any business or Blue Board record at ProZ.com.
Services Translation, Subtitling
Expertise
Specializes in:
Chemistry; Chem Sci/EngEngineering (general)
General / Conversation / Greetings / LettersManufacturing
Materials (Plastics, Ceramics, etc.)Science (general)

Rates

KudoZ activity (PRO) PRO-level points: 205, Questions answered: 193, Questions asked: 66
Portfolio Sample translations submitted: 5
This entry won a contest Spanish to Portuguese (EU): 5th ProZ.com Translation Contest - Entry #3445
Source text - Spanish
Admiré de niño la clarividencia del caballo para orientarse en la ida o el regreso y, sea de noche o de día, en la tormenta o bajo el vendaval, admiré el olfato de los perros para volver al sitio del que parten por más que de él se alejen, o el acierto infalible del gato para encontrar el rum­bo que tras sus andanzas lo devuelve siempre a su casa. Yo no lo tengo ni cuento tampoco con ese invalorable sentido común a la mayoría de los humanos para orientarse en las calles y las rutas o en parajes nunca vistos tanto como en aquellos en donde apenas se estuvo una única vez. Yo me pierdo irremediablemente cuando me alejo de los circuitos habituales. Privado del don de la ubicación, incapaz de abstraer, de discernir y calcular donde tanta falta hace, los sitios que no frecuento son para mí inalcanzables y a ellos jamás llegaría si alguien no me condujese o no me dejara guiar por los que entienden. Sujeto fa­talmente a mi pobre percepción, no sé ir, no sé volver y soy incapaz de remontar mi invalidez. No puedo, no aprendo, no entiendo y nada me dice un plano acerca de mi ubicación. No tengo brújula interna ni don alguno de representación y en cuanto a los puntos cardinales jamás supe dónde están. Todo esto, claro, favorece mi pro­pensión a la inmovilidad. Para no exponerme a vivir perdido, trato de no alejarme de los escena­rios familiares. Poco me convoca fuera de mi ba­rrio y trato en lo posible de que mi vida social nunca lo exceda. Nada más ajeno a mí que el es­píritu de un expedicionario. Invierto las direccio­nes y suelo situar a la izquierda lo que estuvo desde siempre a la derecha, y cuando lejos de mi casa dejo el coche estacionado, lo busco al que­rer volver por el lado en que no está y pierdo así un tiempo enorme resolviendo lo que nunca de­bió convertirse en problema.

KOVADLOFF, Santiago. “Soliloquio del extraviado” en Una biografía de la lluvia. Emecé ensayo, Buenos Aires (2004).
Translation - Portuguese (EU)
Admirava, nos meus tempos de infância, a clarividência do cavalo para se orientar à ida e no regresso; admirava o olfacto dos cães, no meio de tempestades ou vendavais, de noite ou de dia, capazes de voltar ao lugar de partida por mais longe que dele se tivessem afastado; e admirava a infalível capacidade do gato para encontrar o caminho de regresso a casa depois das suas andanças. Eu não tenho esses dons nem possuo essa inestimável capacidade, comum à maioria dos seres humanos, de se orientarem em ruas, caminhos ou paragens nunca antes vistos ou visitados apenas uma única vez. Perco-me irremediavelmente quando me afasto dos meus circuitos habituais. Privado dessa capacidade que me permitiria situar-me, incapaz de me abstrair, de discernir e de calcular onde tal se torna mais necessário, os lugares por onde não passo são para mim inatingíveis e jamais a eles chegaria se alguém não me guiasse ou se eu próprio não me deixasse guiar por quem conhece. Atado fatalmente ao meu débil poder de percepção, não sei ir, não sei regressar e sou incapaz de transpor este estado de invalidez. Não posso, não aprendo, não entendo e não há nada capaz de me indicar alguma coisa sobre o lugar onde me encontro. Não tenho uma bússola interna, nem a capacidade para pensar nalgum tipo de representação mental e não nunca soube onde estão os pontos cardeais. Todo isto, obviamente, favorece a minha tendência à imobilidade. Para evitar viver perdido procuro não me afastar dos ambientes que me são familiares. Poucas coisas me atraem fora do bairro em que vivo e procuro, sempre que possível, que a minha vida social não passe para além das suas fronteiras. Não há nada mais estranho à minha natureza que o espírito de um expedicionário. Inverto as direcções e costumo situar à esquerda o que sempre esteve à direita; e quando, longe de casa, estaciono o carro, procuro-o depois, ao querer regressar, no lado onde não se encontra perdendo assim muito tempo a tentar resolver o que na realidade nunca se deveria ter tornado um problema.
This entry won a contest English to Portuguese (EU): 6th ProZ.com Translation Contest - Entry #3530
Source text - English
Eroticism has this in common with an addictive drug: that there is a coercive element to its pleasure with which part of us is in complicity, and part not. Thus ever since time began men have been trying to enjoy eroticism without being destroyed by it. Societies, religions can be defined in the way they deal with this conundrum. Polygamy, monogamy with repression, monogamy with affairs, monogamy with prostitutes, serial monogamy. Not to mention individual solutions of great ingenuity, or desperation: Victor Hugo with the door knocked through the wall of his office, to let in a girl each afternoon. Auden's flair for finding call-boys in every town. Picasso who simply refused when wife and mistress demanded he choose between them. Then there is always the hair-shirt of course. But perhaps the thing to remember when you wake up with a life full of fresh paint and tortuous complications is that eroticism wasn't invented for you, nor merely for the survival of the species perhaps, but for a divinity's entertainment. Nothing generates so many opportunities for titillation and schadenfreude as eroticism. Which is why it lies at the centre of so much narrative. How the gods thronged the balconies of heaven to see the consequences of Helen's betrayal! And your friends are watching too. Your antics have put the shine on many a late-night conversation.

On the borders between mythology and history, that wily survivor Odysseus was the first who learnt to trick the gods. And perhaps his smartest trick of all was that of lashing himself to the mast before the Sirens came in earshot. There are those of course who are happy to stand at the railings, even scan the horizon. Otherwise, choose your mast, find the ropes that suit you: sport, workaholism, celibacy with prayerbook and bell... But the kindest and toughest ropes of all are probably to be found in some suburban semi-detached with rowdy children and a woman who never allows the dust to settle for too long.


Translation - Portuguese (EU)
O erotismo tem algo que se assemelha a uma droga viciante. Possui um componente de coerção, intimamente associado ao prazer, do qual somente uma parte de nós é cúmplice. Tanto é assim que desde sempre o homem tem tentado gozar dos prazeres do erotismo mas sem se deixar destruir por eles. As sociedades e as religiões podem-se definir tendo em conta a forma como abordam esta complicada questão, adoptando nesse sentido opções tão variadas como a poligamia, a monogamia repressiva, a monogamia com aventuras esporádicas, a monogamia permissiva às relações com prostitutas ou ainda a monogamia em série. Sem esquecer ainda outras soluções, mais particulares, denotadoras de grande ingenuidade ou de desespero: Victor Hugo, por exemplo, dispunha de uma porta na parede do seu escritório que permitia a entrada a uma rapariga todas as tardes. Ou Auden, dotada de um instinto especial para encontrar rapazes de companhia em cada cidade. Ou ainda Picasso, que simplesmente se recusava a escolher entre a sua mulher e a sua amante quando estas lhe pediam que escolhesse uma delas. E depois existe também, claro está, o sacrifício próprio, o rigor da disciplina que nos impomos a nós próprios. De qualquer modo, o que é importante ter em mente ao despertar para uma vida cheia de renovação e de complicações de difícil resolução é que o erotismo, verdadeiramente, não foi inventado para nós, nem sequer se destina unicamente à sobrevivência das espécies, mas tem por objectivo, isso sim, o divertimento de uma divindade. Não há nada que proporcione tantas oportunidades de agradável excitação e de maliciosa satisfação como o erotismo. Por isso é o cerne de tanta narrativa. Como os deuses se amontoam nas varandas do paraíso para contemplar as consequências da traição de Helena! E como os nossos amigos, também eles, não perdem esse espectáculo! São os nossos disparates que fazem resplandecer cada uma das inúmeras conversas nocturnas.

Nessa fronteira entre a mitologia e a história, foi o astuto Ulisses o primeiro que aprendeu a enganar os deuses. E talvez o seu melhor ludíbrio tenha sido o de se agarrar ao mastro do seu barco antes de poder ouvir o canto das Sereias. Há quem, com toda a razão, se sinta feliz na borda do seu barco, quem se sinta feliz sem precisar de mais aventura que a de perscrutar o horizonte. Mas se não for esse o seu caso, escolha o seu mastro e procure as amarras que melhor lhe convêm: desporto, trabalho compulsivo, celibato com livro de orações e campainha incluídos...Embora as amarras mais ternas e mais fortes sejam provavelmente as que se podem encontrar nalguma zona suburbana, algo afastada, onde crianças vadias e uma mulher não deixam que a poeira assente no chão durante muito tempo.
 English to Portuguese (EU): 7th ProZ.com Translation Contest - Entry #5729
Source text - English
Winters used to be cold in England. We, my parents especially, spent them watching the wrestling. The wrestling they watched on their black-and-white television sets on Saturday afternoons represented a brief intrusion of life and colour in their otherwise monochrome lives. Their work overalls were faded, the sofa cover—unchanged for years—was faded, their memories of the people they had been before coming to England were fading too. My parents, their whole generation, treadmilled away the best years of their lives toiling in factories for shoddy paypackets. A life of drudgery, of deformed spines, of chronic arthritis, of severed hands. They bit their lips and put up with the pain. They had no option but to. In their minds they tried to switch off—to ignore the slights of co-workers, not to bridle against the glib cackling of foremen, and, in the case of Indian women, not to fret when they were slapped about by their husbands. Put up with the pain, they told themselves, deal with the pain—the shooting pains up the arms, the corroded hip joints, the back seizures from leaning over sewing machines for too many years, the callused knuckles from handwashing clothes, the rheumy knees from scrubbing the kitchen floor with their husbands' used underpants.

When my parents sat down to watch the wrestling on Saturday afternoons, milky cardamon tea in hand, they wanted to be enter­tained, they wanted a laugh. But they also wanted the good guy, just for once, to triumph over the bad guy. They wanted the swaggering, braying bully to get his come-uppance. They prayed for the nice guy, lying there on the canvas, trapped in a double-finger interlock or clutching his kidneys in agony, not to submit. If only he could hold out just a bit longer, bear the pain, last the course. If only he did these things, chances were, wrestling being what it was, that he would triumph. It was only a qualified victory, however. You'd see the winner, exhausted, barely able to wave to the crowd. The triumph was mainly one of survival.
Translation - Portuguese (EU)
O Inverno costumava ser frio na Inglaterra. Todos nós, e especialmente os meus pais, passávamos o Inverno a ver combates de luta livre na televisão. Para eles, acompanhar este desporto aos sábados à tarde na sua televisão a preto e branco representava uma breve irrupção de vida e de cor no cinzento monocromático das suas vidas. Os seus uniformes de trabalho estavam desbotados, como descolorida estava a coberta do sofá—a mesma desde há tantos anos—e desvanecida a sua lembrança do que eles próprios tinham sido antes de chegar a Inglaterra. Os meus pais, e toda a sua geração, consumiram os melhores anos das suas vidas imersos em labutas rotineiras em fábricas a troco de salários miseráveis. Uma vida de trabalho servil, de colunas deformadas, de artrites crónicas e de mãos amputadas. Mordiam-se os lábios e suportavam a dor. Não tinham outra alternativa. Nas suas mentes tentavam abstrair-se de tudo—ignorar o menosprezo dos companheiros, não se indignar com a ruidosa verborreia dos capatazes, e, no caso das mulheres indianas, permanecer imperturbáveis ao embate das bofetadas dos maridos. Resistir à dor, diziam para si próprios, conviver com a dor, com as dores excruciantes na parte superior dos braços, as articulações desgastadas das ancas, os espasmos nas costas de tantos anos dobrados sobre as máquinas de costura, os nós dos dedos calejados por tanta roupa lavada à mão e o reumatismo nos joelhos de tanto esfregar o chão da cozinha com a roupa interior já inservível dos maridos.


Quando os meus pais se sentavam à frente do televisor para contemplar os combates de luta livre aos sábados à tarde, sustendo na mão um chá de cardamomo com leite, ansiavam por um pouco de diversão, procuravam poder rir por uns momentos. Mas desejavam também que, pelo menos por uma vez, o homem bom vencesse o homem mau. Que a arrogância e os gritos daquele rapaz lhe trouxessem uma merecida vitória. Que o homem bom, deitado sobre a lona, imobilizado pela força exercida sobre dois dedos ou apertando os rins em agonia, não sucumbisse. Se ele se pudesse manter assim apenas um pouco mais, suportar a dor, aguentar o combate por uns momentos. Se ele o conseguisse, sendo a luta livre o desporto que é, talvez ainda pudesse aspirar à vitória. Mas seria ainda assim uma vitória com reservas. O vencedor exausto apareceria aos olhos do público, quase incapaz de acenar à multidão. Seria um triunfo, sim, mas meramente um triunfo sobre a sobrevivência.
This entry won a contest Spanish to Portuguese (EU): 7th ProZ.com Translation Contest - Entry #5726
Source text - Spanish
El fútbol soporta una maldición que a la vez es la salvación de jugadores, entre­nadores y forofos compungidos por una derrota. Se trata de una actividad en la que no basta con ganar, sino que hay que ganar siempre, en cada temporada, en cada torneo, en cada partido. Un escritor, un arquitecto, un músico pueden sestear un poco tras ha­ber hecho una gran novela, un maravilloso edificio, un disco inolvidable. Pueden no hacer nada durante un tiempo o hacer algo menor. Entre los primeros, que son los que más conozco, los hay que han pasado a ser buenos por decreto y hasta el fin de sus días gracias a una sola obra estimable escrita cincuenta años atrás. En el fútbol, por el con­trario, no caben el descanso ni el divertimento, de poco sirve tener un extraordinario palmarés histórico o haber conquistado un título el año anterior. No se considera nun­ca que ya se ha cumplido, sino que se exige (y los propios jugadores se lo exigen a sí mismos) ganar el siguiente encuentro tam­bién, como si se empezara desde cero siem­pre, analogía del resultado inicial de todo partido. A diferencia de otras actividades de la vida, en el deporte (pero sobre todo en el fútbol) no se acumula ni atesora nada, pese a las salas de trofeos y a las estadísticas cada vez más apreciadas. Haber sido ayer el mejor no cuenta ya hoy, no digamos mañana. La ale­gría pasada no puede hacer nada contra la angustia presente, aquí no existe la compen­sación del recuerdo, ni la satisfacción por lo ya alcanzado, ni por supuesto el agradecimiento del público por el contento procu­rado hace dos semanas. Tampoco, por tan­to, existen durante mucho tiempo la pena ni la indignación, que de un día para otro pue­den verse sustituidas por la euforia y la santi­ficación. Quizá por eso el fútbol sea un de­porte que incita a la violencia, como decía Cabrera: pero no por las patadas, sino por la angustia. A cambio hay que reconocer que tiene algo inapreciable y que no suele darse en los demás órdenes de la vida: incita al ol­vido, lo que equivale a decir que a lo que no incita nunca es al rencor, algo que se aprende sólo en la edad adulta."
Translation - Portuguese (EU)
O futebol é vítima de uma maldição que é ao mesmo tempo a salvação dos jogadores, de treinadores e dos adeptos pesarosos depois de uma derrota. O futebol é uma daquelas actividades em que não basta ganhar; no futebol é preciso ganhar sempre, em cada temporada, em cada torneio, em cada jogo. Um escritor, um arquitecto, um músico podem dormir sobre os louros conquistados depois de escrever uma novela de êxito, de construir um maravilhoso edifício ou de gravar um disco inesquecível. Podem permitir-se o prazer de não fazer nada durante algum tempo ou de se dedicarem apenas a pequenos nadas. Entre os primeiros, os que melhor conheço, há quem tenha conseguido a glória para toda a vida por uma espécie de lei incontestável, como resultado de alguma única obra digna de apreço escrita cinquenta anos antes. No mundo do futebol, pelo contrário, não há lugar para o descanso nem para o divertimento, e de pouco serve possuir uma extraordinária carreira desportiva ou ter conquistado um título no ano anterior. Jamais se saboreia a sensação do dever cumprido e em vez disso exige-se (e são os próprios jogadores que o exigem a si mesmos) ganhar também o jogo seguinte, como se se estivesse eternamente a começar, numa espécie de analogia ao empate inicial a zero de todos os jogos. Ao invés de outras actividades, no desporto (e sobretudo no futebol) não se acumula nem se guarda nada, apesar das salas repletas de troféus e das estatísticas, cada vez mais apreciadas. Ter sido o melhor no passado de pouco serve hoje e de quase nada servirá amanhã. As alegrias passadas não são capazes de paliar a angústia do presente, as mais gratas recordações não têm qualquer importância, nem sequer servem de consolo a satisfação por tudo o alcançado ou o agradecimento do público por uma boa classificação tão procurada duas semanas antes. Não sobrevivem, portanto, durante muito tempo, nem a pena nem a indignação, que, de um dia para o outro, podem ser substituídas pela euforia e pela veneração. E talvez seja por isso que o futebol incita à violência - tal como dizia Cabrera; não pelos pontapés mas sim pela angústia. Em contrapartida, há que reconhecer que o futebol encerra em si algo inapreciável que não se costuma encontrar noutras circunstâncias da vida: o futebol incita ao esquecimento e assim jamais fomenta o rancor, algo que só na idade adulta se aprende.
 Spanish to Portuguese (EU): 1st Annual ProZ.com Translation Contest - Entry #7697
Source text - Spanish
Al fin, su marido se cansó de quedar bien con ella y se fue a quedar bien con alguien más.
Los primeros días Ofelia sintió la soledad como un cuchillo y se tuvo tanta pena que andaba por la casa a ratos ruborizada y a ratos pálida. [...]

Un día cambió los cuadros de pared, otro regaló sillas del comedor que de tanto ser modernas pasaron de moda. [...]. Al último arremetió contra su sala, segura de que urgía cambiar la tela de los sillones.
El tapicero llegó al mismo tiempo en que le entregaron por escrito la petición formal de divorcio. La puso a un lado para pensar en cosas más tangibles que el desamor en ocho letras. Trajinó en un muestrario buscando un color nuevo y cuando se decidió por el verde pálido el tapicero llamó a dos ayudantes que levantaron los muebles rumbo al taller.
[...] Ofelia los vio irse y siguió con la mirada el rastro de cositas que iban saliendo de entre los cojines: un botón, dos alfileres, una pluma que ya no pintaba, unas llaves de quién sabe dónde, un boleto de Bellas Artes que nunca encontraron a tiempo para llegar a la función, el rabo de unos anteojos, dos almendras que fueron botana y un papelito color de rosa, doblado en cuatro, que Ofelia recogió con el mismo sosiego con que había ido recogiendo los demás triques.
Lo abrió. Tenía escrito un recado con letras grandes e imprecisas que decía: «Corazón: has lo que lo que tu quieras, lo que mas quieras, has lo que tu decidas, has lo que mas te convenga, has lo que sientas mejor para todos».
«¿Has?», dijo Ofelia en voz alta. ¿Su marido se había ido con una mujer que escribía «haz» de hacer como «has» de haber? ¿Con una que no le ponía el acento a «tú» el pronombre y lo volvía «tu» el adjetivo? ¿Con alguien capaz de confundir el «más» de cantidad con el «mas» de no obstante?
La ortografía es una forma sutil de la elegancia de alma, quien no la tiene puede vivir en donde se le dé la gana.
Según el pliego que debía firmar, la causa del divorcio era incompatibilidad de caracteres. «Nada más cierto», pensó ella. «La ortografía es carácter». Firmó.
Translation - Portuguese (EU)
Finalmente o marido cansou-se de tentar ser simpático com ela e decidiu ir-se para tentar agradar a outra.
Nos primeiros dias Ofélia sentiu na própria pele a solidão como se fosse uma faca e teve tanta pena de si própria que deambulava pela casa umas vezes ruborizada e outras vezes pálida. [...]

Um dia mudou os quadros da parede, no outro ofereceu cadeiras da sala de jantar que à força de serem modernas tinham acabado por passar de moda. [...]. E por fim atacou a sala de estar, totalmente convencida de que era urgente mudar o tecido das poltronas.
O estofador chegou no preciso momento em que lhe entregavam por escrito a petição oficial de divórcio. Deixou-a ali ao lado para poder pensar em coisas mais palpáveis que o desamor em oito letras. Pôs-se a folhear um mostruário à procura de uma cor nova e, depois de se decidir pelo verde-pálido, o estofador chamou dois ajudantes que levantaram os móveis para os levarem até à oficina.
[...] Ofélia viu-os irem-se embora e seguiu com o olhar o rasto das pequenas coisas que iam saindo de entre as almofadas: um botão, dois alfinetes, uma caneta de tinta permanente que já não escrevia, umas chaves vá-se lá saber de quê, um bilhete para o teatro no Belas Artes que nunca encontraram a tempo para assistir à peça, a haste de uns óculos, duas amêndoas que há muito tempo tinham feito parte de algum aperitivo e um papel pequeno, cor-de-rosa, dobrado em quatro, que Ofélia recolheu com a mesma parcimónia com que tinha recolhido os outros objectos.
Desdobrou-o. Havia nele escrita uma nota com letras grandes e imprecisas que dizia: «Amor: fás o que quiseres, o que maís quiseres, o que tú decidas, fás o que for melhor para ti, fás o que achares que é melhor para todos».
«Fás?», disse Ofélia em voz alta. Então o seu marido tinha-a deixado por uma mulher que escrevia «faz» de fazer como «hás» de haver? Com uma mulher que punha acento no «tu» pronome quando não havia qualquer necessidade de sobrecarregar a vogal? Com alguém que era capaz de confundir o «mais» de quantidade com uma variedade de milho?
A ortografia é um subtil reflexo da elegância da alma, e quem não a tenha pode viver onde lhe dê na real gana.
De acordo com o documento que devia assinar, a causa invocada para legitimar o divórcio era a incompatibilidade de caracteres. «Não posso estar mais de acordo», pensou ela. «A ortografia é carácter». E assinou o documento.

Translation education Other - > 8 yrs experience
Experience Years of experience: 25. Registered at ProZ.com: Nov 2007.
ProZ.com Certified PRO certificate(s) N/A
Credentials English to Portuguese (Native European Portuguese)
Catalan (Level D-Consorci Normalització Lingüística, verified)
Spanish (Nivel Superior de Castellano - Instituto Cervantes, verified)
English (Certificate of Proficiency in English - Grade A , verified)
Catalan to Portuguese (Native European Portuguese)


Memberships N/A
Software Microsoft Excel, Microsoft Word, Powerpoint
Events and training
Contests won 5th ProZ.com Translation Contest: Spanish to Portuguese (EU)
6th ProZ.com Translation Contest: English to Portuguese (EU)
7th ProZ.com Translation Contest: Spanish to Portuguese (EU)
Bio
Translator since 1999 with Portuguese (Portugal) as native language. Nearly bilingual in Spanish (living in the country for more than 10 years) and English (CPE grade + living abroad).

Professional activities: translator, proofreader (Portuguese) and chemical engineer in a private company.

Do not hesitate to request names of references (translation companies in Spain and Portugal).
This user has earned KudoZ points by helping other translators with PRO-level terms. Click point total(s) to see term translations provided.

Total pts earned: 239
PRO-level pts: 205


Top languages (PRO)
English to Spanish62
English to Portuguese32
Spanish to English32
German to Spanish28
Spanish to German8
Pts in 10 more pairs >
Top general fields (PRO)
Tech/Engineering68
Medical55
Other34
Science28
Law/Patents12
Pts in 2 more flds >
Top specific fields (PRO)
Medical (general)55
Engineering (general)40
Chemistry; Chem Sci/Eng36
Transport / Transportation / Shipping20
Materials (Plastics, Ceramics, etc.)11
Certificates, Diplomas, Licenses, CVs11
Manufacturing8
Pts in 4 more flds >

See all points earned >
Keywords: Chemistry texts in general, science, Safety data sheets, catalogues, user manuals, product description, tourism, recipes, proofreading, native Portuguese. See more.Chemistry texts in general, science, Safety data sheets, catalogues, user manuals, product description, tourism, recipes, proofreading, native Portuguese, bilingual Spanish, catalan, manuales, química, tecnología, ciencias, cartas, catálogos, publicidad, presentaciones, turismo, calidad, quality.. See less.


Profile last updated
Nov 10, 2022